Resenha “Pegando Fogo” (Burnt): Bradley Cooper na Cozinha Mais Estressante do Cinema

Resenha "Pegando Fogo" (Burnt). Bradley Cooper é um chef em busca da 3ª estrela Michelin. Um filme intenso sobre alta gastronomia, pressão e redenção....
Filme pegando fogo

Vamos falar daquele que talvez seja o filme com o ambiente de cozinha mais estressante do cinema recente: “Pegando Fogo” (no original, Burnt), de 2015

Imagem: Divulgação/The Weinstein Company

Onde assistir ? : Prime Vídeo

A Caçada pela Terceira Estrela

Se você é fã de reality shows como Hell’s Kitchen ou da tensão da série O Urso, você vai se sentir em casa. “Pegando Fogo” (Burnt), dirigido por John Wells e lançado em 2015, é um drama intenso. Ele mergulha de cabeça no mundo tóxico, obsessivo e perfeccionista da haute cuisine (alta gastronomia) e na busca insana pelas cobiçadas estrelas Michelin. Este não é um filme fofo; é um filme sobre pressão.

A Receita da Redenção (ou do Caos)

O filme é centrado em Adam Jones (Bradley Cooper), um chef que já foi o “rockstar” da culinária em Paris. Mas, como um bom astro do rock, ele destruiu tudo com drogas, álcool e um ego do tamanho de um continente. Após desaparecer e se “punir” (abrindo um milhão de ostras em um bar), ele decide que é hora de voltar.

Seu objetivo? Conquistar a terceira estrela Michelin, a maior honraria do mundo culinário. Para isso, ele vai a Londres, chantageia seu antigo maître (Daniel Brühl) para conseguir um restaurante e monta uma equipe de “brigada” dos sonhos, que inclui a talentosa e relutante Helene (Sienna Miller). O problema é que seus demônios do passado e seu temperamento explosivo vêm junto.

Ingredientes de Alta Voltagem

  • Roteiro: A história de “Pegando Fogo” segue a cartilha clássica do “gênio torturado em busca de redenção”. É um roteiro funcional, mas, sejamos honestos, bastante previsível. Você sabe que ele vai gritar, quebrar pratos, ter uma crise e que vai ter que aprender a confiar nos outros. Onde o roteiro brilha é no diálogo da cozinha: é rápido, técnico, cheio de jargões e muito estressante.
  • Atuações: Este filme é 100% carregado por Bradley Cooper. Ele convence demais como Adam Jones. Ele treinou para o papel e você acredita na sua arrogância, na sua dor e na sua obsessão. Ele tem uma energia elétrica. Sienna Miller (Helene) faz um ótimo trabalho como a sous-chef que não tem medo de enfrentá-lo. E Daniel Brühl (Tony) é fantástico como o gerente/amigo que vive na corda bamba entre admirar o gênio de Adam e querer estrangulá-lo.
  • Direção e Cinematografia: É aqui que o filme te pega. A direção de John Wells faz você se sentir dentro da cozinha. As cenas de “atendimento” (a hora que os pedidos chegam) são caóticas, claustrofóbicas e filmadas com uma energia de filme de ação. A comida é filmada de um jeito diferente dos outros filmes: não é comida “de conforto”; é arte. Os pratos são técnicos, lindos, quase arquitetônicos (com muito sous-vide e pinças).
  • Trilha Sonora e Edição: A trilha sonora é moderna e pulsante, ajudando a construir a tensão. A edição é ágil, com cortes rápidos que imitam o ritmo frenético do serviço de um restaurante de luxo.

O Custo da Perfeição

Olha, vou ser muito sincero: Adam Jones é, na maior parte do tempo, um babaca. Ele é o estereótipo do chef gritão e abusivo que, felizmente, a gastronomia moderna está tentando deixar para trás. O filme tenta (e às vezes falha) romantizar esse comportamento como parte da “genialidade”.

O que eu acho fascinante em Pegando Fogo não é a jornada de redenção dele, que é meio clichê, mas sim o retrato fiel da obsessão. O filme é excelente em mostrar que, nesse nível de culinária, não se trata de “fazer comida gostosa”; trata-se de atingir uma perfeição técnica que beira o doentio. É sobre a diferença entre ser um cozinheiro e ser um artista que será julgado impiedosamente.

Um Prato Bonito, mas Amargo

Pegando Fogo é um filme tenso, muito bem atuado e visualmente impressionante, especialmente nas cenas de cozinha.

  • Pontos Fortes: A performance visceral de Bradley Cooper; o realismo e a tensão das cenas de serviço; a beleza técnica dos pratos.
  • Pontos Fracos: Um roteiro previsível e cheio de clichês do gênero “chef torturado”; personagens coadjuvantes de luxo (como Emma Thompson e Uma Thurman) que são quase desperdiçados.

Vale a pena ser assistido? Sim, com certeza! Mas saiba o que esperar.

Este filme não é para quem quer relaxar. É para quem gosta de drama, de histórias de obsessão e para quem tem curiosidade sobre a pressão absurda por trás de uma estrela Michelin. Se você gosta de O Urso, vai curtir Pegando Fogo.

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