“Chocolat” (2000) | O Filme Mágico Que Usa o Chocolate Para Curar a Alma

Resenha de Chocolat (2000). Uma misteriosa chocolateira abala uma vila francesa tradicional, provando o poder do prazer e da empatia. Mágico!...
Filme chocolat

Imagem: Divulgação/Miramax Films

Sabe aquele filme que parece um abraço quentinho numa tarde fria? Que é aconchegante, mágico e te deixa com uma vontade incontrolável de comer chocolate? Pois é, hoje no CineGourmet vamos falar sobre “Chocolat” (ou Chocolate, no Brasil), de 2000, dirigido por Lasse Hallström.

A Mágica Chega com o Vento

Chocolat não é só um filme de culinária; é uma fábula moderna, um romance com pitadas de realismo mágico. Ele se passa numa cidadezinha francesa fictícia, tão tradicional e rígida que você quase consegue sentir o frio na espinha. E é nesse lugar, onde tudo é proibido (especialmente durante a Quaresma), que a nossa história começa. O filme é uma linda metáfora sobre a luta entre a tradição repressora e a doce liberdade do prazer.

Desembrulhando a Trama

Num dia de vento norte, chegam à cidade Vianne Rocher (Juliette Binoche) e sua filha Anouk. E elas não chegam em silêncio. Vianne, uma mulher independente e misteriosa, decide abrir uma chocolaterie (uma loja de chocolates) bem em frente à igreja… e em plena Quaresma!

Isso, claro, é uma declaração de guerra para o líder moral da cidade, o Conde de Reynaud (Alfred Molina), um homem que governa o vilarejo com regras rígidas. Através de seus chocolates mágicos (ela parece adivinhar o favorito de cada um), Vianne começa a “acordar” os moradores reprimidos, ajudando uma mulher a fugir de um casamento abusivo, unindo um casal mais velho e dando coragem aos tímidos.

Degustando Cada Pedaço

  • Roteiro: O roteiro é uma fábula clássica. Não espere um realismo profundo; espere charme. A história do “forasteiro que muda uma cidade presa no tempo” é antiga, mas Chocolat a executa com uma doçura única. Os personagens são arquétipos (o líder rígido, a rebelde, a mulher sofrida), mas funcionam perfeitamente dentro da proposta de conto de fadas do filme.
  • Atuações: O elenco é um luxo. Juliette Binoche é a alma do filme; ela é quente, serena e tem um mistério no olhar que te faz acreditar que ela realmente sabe qual é o seu chocolate favorito. Alfred Molina está fantástico como o antagonista. Ele não é um vilão caricato; é um homem profundamente infeliz e reprimido, e sua jornada é uma das mais interessantes. Temos ainda Judi Dench, roubando a cena como a velhinha rabugenta e diabética que se recusa a abrir mão dos prazeres. E sim, Johnny Depp aparece como Roux, um “cigano de rio” (basicamente) que toca violão e serve como o interesse romântico.
  • Direção e Cinematografia: É aqui que o filme te ganha. A direção de Lasse Hallström (o mesmo de A 100 Passos de um Sonho) é especialista em criar essa atmosfera de “cidadezinha”. A fotografia é linda: o vilarejo começa frio, cinza, quase monocromático. A chocolaterie de Vianne, em contraste, é filmada em tons quentes, vermelhos, dourados. É literalmente um ponto de luz e calor. E os close-ups… ah, os close-ups dos chocolates sendo preparados, derretidos, polvilhados… é de dar água na boca.
  • Trilha Sonora e Edição: A trilha sonora de Rachel Portman é mágica e melancólica, com aquele toque de violão que remete ao romance e à liberdade (tema do personagem de Depp), misturando-se perfeitamente ao tom de fábula do filme.

O Chocolate como Ferramenta de Empatia

O que eu mais amo em Chocolat é que ele não é, de fato, sobre chocolate. O chocolate é a ferramenta.

Vianne não está apenas vendendo doces; ela está vendendo permissão para sentir prazer. Em uma cidade onde tudo é sobre “o que não fazer”, ela chega perguntando “O que você gosta?”. Ela pratica a empatia. O filme usa a comida como uma forma de quebrar as armaduras das pessoas. A jornada do Conde de Reynaud, em particular, é uma lição poderosa sobre como, muitas vezes, aqueles que mais impõem regras são os que mais sofrem com elas.

Uma Doçura Necessária

Chocolat é um filme delicioso, feito para confortar a alma. É suave, bonito e com uma mensagem que nunca envelhece.

  • Pontos Fortes: A atmosfera mágica e aconchegante; as atuações brilhantes (Binoche e Molina); a fotografia da comida que é pura arte; e a mensagem poderosa sobre empatia e prazer.
  • Pontos Fracos: O roteiro é um tanto previsível (mas, como disse, é uma fábula!) e o romance com Johnny Depp é a parte menos desenvolvida da trama.

Vale a pena ser assistido? Sem dúvida alguma! É o filme perfeito para um fim de semana chuvoso, para assistir enrolado no cobertor, ou para quando você precisar de um lembrete gentil de que não há nada de errado em aproveitar as coisas boas da vida.

Aviso de amigo: Tenha uma barra de chocolate de excelente qualidade ao seu lado. Não cometa o erro de assistir a este filme sem ela. Você vai se arrepender (eu sei por experiência própria!).

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