Imagem: Divulgação/Sony Pictures
Onde Assistir?
Pega sua mala imaginária (e um lencinho, talvez?) que hoje vamos falar de “Comer Rezar Amar” no CineGourmet.
O Roteiro de Viagem da Autodescoberta
Baseado no livro best-seller de Elizabeth Gilbert, “Comer Rezar Amar” (Eat Pray Love), de 2010, é AQUELE filme que fez uma geração inteira querer largar tudo e comprar uma passagem só de ida. Dirigido por Ryan Murphy (sim, o criador de Glee e American Horror Story!) e estrelado pela rainha do carisma, Julia Roberts, este filme é um drama de autodescoberta disfarçado de diário de viagem de luxo.
E para nós, do “Receita Sem Fim”, a primeira parte desse filme é, simplesmente, um banquete.
Três Pratos: Itália, Índia e Indonésia
Resumo da Premissa
O filme segue Liz Gilbert (Julia Roberts), uma escritora que, aparentemente, tem a vida perfeita: marido, casa bonita, carreira. Mas ela está profundamente infeliz e perdida. Após um divórcio doloroso, ela decide tirar um ano sabático e “se encontrar”, dividindo sua jornada por três países:
- ITÁLIA (Comer): Onde ela decide reaprender a sentir prazer, e a melhor forma de fazer isso é… comendo. Sem culpa.
- ÍNDIA (Rezar): Onde ela busca a espiritualidade e a paz interior em um Ashram.
- INDONÉSIA/BALI (Amar): Onde ela tenta encontrar o equilíbrio entre as duas coisas e, quem sabe, o amor (com o bônus de Javier Bardem).
Uma Degustação de Três Atos
- Roteiro: Como é baseado em um livro de memórias muito amado, o roteiro é episódico. Ele é dividido claramente nos três atos (Itália, Índia, Bali). A história é toda guiada pela narração em voice-over de Liz. Para alguns, isso soa profundo e inspirador; para outros, soa um pouco autoindulgente. A verdade é que o filme é longo (quase 2h30), e o ritmo varia: o ato da Itália é vibrante, o da Índia é lento e introspectivo, e o de Bali é romântico.
- Atuações: Este é o show de Julia Roberts. Ela carrega o filme nas costas com seu carisma de estrela de cinema. Você ri com ela, chora com ela e, principalmente, sente fome com ela. O elenco de apoio é de luxo: Javier Bardem aparece no final como o brasileiro Felipe (sim!), Richard Jenkins tem uma participação tocante na Índia, e Viola Davis aparece por cinco minutos no começo e, como sempre, é brilhante.
- Direção e Cinematografia: É aqui que o filme é um 10/10. Ryan Murphy dirige o filme como um comercial de viagem e gastronomia da mais alta qualidade. É lindo. As cenas na Itália são de babar: o close-up na massa cacio e pepe, a cena da pizza em Nápoles (na lendária L’Antica Pizzeria da Michele), o gelato… A câmera ama a comida tanto quanto a Julia Roberts.
- Trilha Sonora e Edição: A trilha é otimista, cheia de músicas pop e hits que combinam com a vibe “inspiradora” do filme (como “Dog Days Are Over” de Florence + The Machine). A edição tenta dar conta da longa jornada, mas não tem como negar: o filme é arrastado em algumas partes, especialmente no meio (Índia).
O “Comer” é o Nosso Prato Principal
Vamos ser sinceros, como amigos do “CineGourmet“: o que realmente importa para nós é o primeiro terço do filme. A parte da ITÁLIA.
Comer Rezar Amar é um dos melhores filmes sobre o prazer de comer. Não é sobre técnica, não é sobre ser chef. É sobre se dar permissão para comer um prato de macarrão às 11h da manhã e não sentir culpa. É sobre a alegria de “não fazer nada” (o dolce far niente). A cena em que Liz e sua amiga comem a pizza em Nápoles, em silêncio, apenas saboreando, é a definição de foodgasm.
O filme celebra a comida como uma forma de reconexão consigo mesmo. É o antídoto perfeito para a cultura da dieta.
Um Banquete Lindo, Mas Longo
Comer Rezar Amar é um filme visualmente deslumbrante, otimista e com uma performance cativante da sua estrela.
- Pontos Fortes: A cinematografia (é um dos filmes mais bonitos da lista); Julia Roberts em sua melhor forma; e o ato inteiro da Itália, que é uma ode ao prazer de comer.
- Pontos Fracos: É muito longo (2h 24min) e o ritmo cai bastante na segunda parte. Para quem é mais cínico, a jornada de “autodescoberta” pode parecer um pouco superficial e privilegiada.
Vale a pena ser assistido? Sim, mas vá com a mentalidade certa.
É o filme perfeito para quem sonha em viajar, para quem está passando por uma grande mudança na vida, ou para quem simplesmente quer se inspirar a comer uma boa massa sem peso na consciência. Recomendo para uma tarde de domingo ou para assistir com amigos.