“Julie & Julia”: Duas Vidas, Uma Paixão e Muita Manteiga

Resenha de Julie & Julia! Duas histórias reais, uma paixão pela culinária. A jornada de Julia Child e o blog que mudou a vida de Julie Powell....
Filme julie & julia

Imagem: Divulgação/Sony Pictures

Se você, assim como eu, já se sentiu meio perdido na vida e pensou: “Quer saber? Vou cozinhar”, então este filme é para você. Hoje vamos falar de “Julie & Julia”, um filme delicioso de 2009, escrito e dirigido pela lendária Nora Ephron (a rainha das comédias românticas, como Sintonia de Amor).

A Receita que Uniu Gerações

Julie & Julia não é só um filme, são dois! É uma comédia dramática biográfica que conta duas histórias reais que acontecem em épocas diferentes, mas são ligadas por uma paixão avassaladora: a culinária francesa. De um lado, temos a icônica Julia Child descobrindo sua vocação em Paris nos anos 50. Do outro, temos a nova-iorquina Julie Powell, nos anos 2000, à beira de um colapso de “o que estou fazendo da minha vida?”. É, basicamente, o filme de origem da “blogueira de culinária”.

Um Prato Principal e um Acompanhamento

O filme intercala duas jornadas:

  1. Julia Child (Meryl Streep): Nos anos 50, ela se muda para Paris com seu marido diplomata, Paul (Stanley Tucci). Entediada e sem saber o que fazer, ela decide que precisa de um propósito e mergulha de cabeça na escola Le Cordon Bleu, decidida a dominar a complexa culinária francesa e, mais tarde, escrever “o” livro para os americanos.
  2. Julie Powell (Amy Adams): Em 2002, em Nova York, Julie é uma escritora frustrada, trabalhando em um cubículo atendendo ligações de vítimas do 11 de setembro. Para salvar sua sanidade, ela cria um projeto maluco: cozinhar todas as 524 receitas do livro de Julia Child em 365 dias, e escrever um blog sobre isso.

Degustando a Obra

  • Roteiro: A estrutura de roteiro paralelo é a grande sacada do filme. Nora Ephron (que também escreveu os livros nos quais o filme se baseia) faz um “pingue-pongue” entre as duas eras. O filme conecta os desafios, as frustrações e as pequenas vitórias de ambas as mulheres. A história de Julia é pura inspiração e alegria; a de Julie é o caos da vida real, o “perrengue” de quem tenta fazer um projeto ambicioso numa cozinha minúscula.
  • Atuações: Vamos ser honestos: Meryl Streep não interpreta Julia Child, ela é Julia Child. É uma das atuações mais magnéticas e alegres da carreira dela. A voz, a altura (ela parece gigante!), a risada contagiante, o amor pela comida e pelo marido… é tudo perfeito. Amy Adams faz o papel (às vezes ingrato) de Julie Powell, e ela é ótima em mostrar a ansiedade e a frustração da “geração blog”. Mas o prêmio de coadjuvante vai para Stanley Tucci como Paul Child. Ele é, talvez, o marido mais paciente, amoroso e incentivador da história do cinema. A química dele com Meryl é o coração do filme.
  • Direção e Cinematografia: A direção de Nora Ephron é puro conforto. A Paris dos anos 50 é filmada com uma luz dourada, romântica, cheia de charme. Você quer morar ali. Já a Nova York de Julie é mais apertada, filmada em um apartamento real (e pequeno) no Queens, o que faz a gente se identificar na hora com o caos da cozinha dela. E a comida… ah, a comida! O Boeuf Bourguignon, o pato, os ovos pochados… tudo é filmado para dar fome.
  • Trilha Sonora e Edição: A trilha de Alexandre Desplat é leve, charmosa e muito parisiense, costurando as duas histórias de forma suave. A edição que pula entre as duas épocas funciona bem, geralmente ligando as duas mulheres por um tema em comum (um fracasso na cozinha, uma briga com o marido, uma conquista).

Por que esse filme é especial (para nós)

Eu amo Julie & Julia porque ele é incrivelmente honesto sobre o que é ter um projeto de paixão.

A parte da Julia Child é o sonho: ela tem tempo, dinheiro (relativamente), um marido que a apoia 100% e está em Paris! A jornada dela é sobre quebrar barreiras (ser a única mulher na Le Cordon Bleu) e sobre a alegria pura de aprender e criar.

A parte da Julie Powell é a nossa realidade. Ela tem um emprego que odeia, uma cozinha pequena, pouco dinheiro e um projeto que parece impossível. O filme mostra ela tendo colapsos, chorando no chão da cozinha porque o pato explodiu, sendo egoísta com o marido. É o lado caótico de tentar fazer algo grande.

O filme é uma carta de amor à MANTEIGA (sério, use manteiga!) e à ideia de que um livro de receitas não é só um livro, mas um mentor, um amigo e uma tábua de salvação.

Um Banquete de Inspiração

Julie & Julia é um filme que te inspira a levantar do sofá e ir fazer alguma coisa. Qualquer coisa.

  • Pontos Fortes: A atuação gigantesca de Meryl Streep, a química dela com Stanley Tucci, a fotografia da comida e a mensagem inspiradora sobre encontrar sua paixão.
  • Pontos Fracos: Algumas pessoas acham a personagem da Julie Powell um pouco “reclamona” ou egoísta (e, às vezes, ela é mesmo), o que pode criar um desequilíbrio, já que a história da Julia Child é muito mais ensolarada.

Vale a pena ser assistido? Com certeza absoluta. É o filme perfeito para a comunidade do “Receita Sem Fim”.

É indicado para: blogueiros, cozinheiros amadores, fãs de Meryl Streep, pessoas que estão se sentindo meio perdidas na carreira e qualquer um que acredite que um bom prato de comida pode, sim, mudar sua vida.

Dica de amigo: Tenha os ingredientes para um Boeuf Bourguignon ou pelo menos um bom pão com manteiga por perto. Você vai precisar.

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